Paulo Vitor de Morais Moreira
Em nossa sociedade atual todos aspiram, ainda que no fundo de seu ser, cumprir
uma grande missão, e quando perguntam a uma criança, o que você quer ser
quando crescer? Muitas responderão: Médico, Advogado, Jogador de Futebol
etc., mas, e se uma delas respondesse que quer ser um padre? Opa, aqui eu
também me surpreenderia amigo leitor, mas, se essa resposta não é comum em
nosso meio é porque ainda não se conhece quem é o padre e sua importância,
e que antes de se tornar padre deve se passar primeiro pela etapa de
seminarista, por isso mesmo lhe convido a trilhar essa pequena jornada de
descoberta em meio a esse breve texto.
Como ponto de partida precisamos entender o porquê desse nome seminarista.
No início da vida da Igreja os candidatos para se tornarem padres moravam com
um padre experiente, e após um tempo sob sua guia, se preparando pelo estudo
e oração, com a autorização do bispo se tornavam aptos a assumirem a vocação
de padres, porém, a Igreja foi tomando a consciência que precisava formar bem
os candidatos desejosos de se tornarem padres, por isso por meio do Concilio
de Trento (1536) e da contribuição de São Carlos Borromeu criou-se a estrutura
chamada Seminário.
Então aqui tomamos consciência que o Seminarista é alguém que caminha para
assumir a vocação de padre, ou seja, ele está num momento próprio de sua vida,
numa fase preparatória, para assumir uma importante e nobre missão: “ser outro
Cristo na Terra”.
O que é preciso fazer para ser um seminarista? Seria o seminarista um jovem
encalhado? Ou apenas um rapaz piedoso que costuma ter uma boa frequência
na Igreja e grupos dela? A resposta é não! O seminarista é mais do que essas
caricaturas.
Em primeiro lugar o seminarista é alguém que possui uma intimidade com Deus,
a tal ponto, que sacrificando a vocação ao Matrimônio opta pela vocação ao
Sacramento da Ordem, a ser padre, e desposar a Igreja como sua noiva e
definitiva esposa, tomando consciência da palavra de João 15,16 “Não fostes
vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e
produzais fruto, e o vosso fruto permaneça”, Jesus é Aquele que nos chama, não
olhando nossos merecimentos, mas, em sua gratuidade e amor nos convida a
frutificar, a permanecer Nele.
Em segundo lugar alguém poderia dizer, nossa, mas renunciar ao namoro? A ter
uma família? Deixar de lado pai e mãe e morar numa comunidade de pessoas
que nunca vi na vida? Isso parece loucura e impossível, chega a ser
compreensível tais dúvidas, porém, é preciso compreender que na vida em todos
os caminhos que trilharmos teremos que realizar renúncias, isso ocorre com um
pai de família que acorda cedo para trazer o sustento ao lar, e mesmo o atleta
que no futebol segue a risca uma dieta e uma série de treinos para dar seu
melhor em campo, para as coisas de Deus não deve ser diferente, é preciso dar
o melhor a Deus, renunciar a si mesmo e tomar a cruz, porém, a cruz não é
sinônimo de tristeza, afinal, as renúncias na vida de um seminarista para seguir
a Cristo, por meio da rotina de estudo, de oração e trabalhos manuais e
pastorais, não é um fardo insuportável quando é dividido com Cristo que torna
leve todo jugo (Cf. Mt 11,28-30).
Como é a rotina de um seminarista? Basicamente nela estão inclusos os pilares
do estudo, da oração e do trabalho , dando um exemplo mais concreto na
realidade diocesana de Santo Amaro o dia em geral se inicia com a Santa Missa
com recitação das laudes, em seguida de café da manhã, aula na faculdade pela
parte da manhã, no período da tarde, após o almoço, possui o horário dedicado
ao estudo pessoal, além de atividades esportivas e aula de música, momentos
de oração: como a liturgia das Horas, a leitura espiritual, a lectio divina, recitação
do terço, devoções diversas e adoração do santíssimo. O dia se encerra com a
oração comunitária das Completas. Todos esses momentos auxiliam o candidato
às ordens sagradas a atingir uma maturidade maior nas áreas espiritual,
intelectual, comunitária e humana.
Por fim a vida de seminarista produz uma verdadeira alegria. Em nossa
sociedade a alegria está muito associada a conceitos no fundo vazios, consumir
coisas, o exagero nos prazeres etc. A verdadeira alegria consiste em dar
verdadeiro sentido a nossa vida, saber que Jesus me ama e fazer que outras
pessoas se encontrem com esse Amor que preenche nossos corações e dá
pleno sentido a existência humana.